sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Eu publiquei. E agora?

Dos breves anos em que passei estudando Licenciatura em Física, uma lei da natureza que ainda me persegue é o Princípio da Entropia, que diz que as coisas na Natureza tendem ao caos. Não há verdade maior; parece que tudo existente foi feito pra dar errado, de alguma forma. Amaldiçoados são aqueles que, como eu, nasceram para contrariar a natureza com sua mania de perfeição. Um sofrimento.

Ah, os perfeccionistas! Como viver em um mundo onde a gema do ovo não parte quando você quer fazer ovos mexidos, mas desmancha quando você quer fazer omelete? Difícil.

Outra coisa que aprendi com a publicação é um novo princípio que vou chamar de Princípio da Primeira Vez: Na natureza, nada do que é feito pela primeira vez fica bom o suficiente.

Talvez seja um modo de nos ensinar a humildade e a perseverança, ou outra sacanagem dos deuses pra pilhar gente como eu. Enfim, com o meu livro não seria diferente.

Após acertar todos os detalhes da publicação, no fim do ano, minha editora me diz que a Editora não possui revisor ortográfico, sendo o autor, responsável por sua própria revisão. No fim do ano, no brasil, não se encontra ninguém disponível pra revisar um texto e no começo do ano também não. No fim do ano é um pega pra capar, os professores de português estão fechando diários de classe, participando de conselhos, aí vêm as festas de fim de ano, as ruas enchem, as pessoas ficam estressadas e o ano acaba. Em Janeiro todo mundo viaja e os professores tiram férias. Fevereiro inteiro tem um nome: carnaval. Ou seja, não quis atrasar ainda mais a publicação e fiz eu mesma a revisão.

O problema é que dezembro também é uma amostra do inferno pra mim e, mediante provas na faculdade e trabalho em dobro, nas horas que sobravam para eu revisar o texto, estava extremamente cansada. E, de tanto ler, já conhecendo o texto, o resultado foi: pequenos erros de digitação que passaram despercebidos. Quase desprezíveis imperfeições que, de acordo com o Princípio da Primeira Vez, impediram a primeira edição do meu primeiro romance, de ficar ideal. Natureza.

E, bem, a natureza humana também é imperfeita, não é? Eu erro e as pessoas ao meu redor erram, dando a crítica negativa antes da positiva. Mas já dizia a Taylor Swift: "Haters gonna hate".

Um vez publicado, o seu livro vai chegar às mãos de outras pessoas com características que você pode odiar, mas não dá pra voltar atrás. O que está feito, está feito. Tem que dar a cara a tapa, assumir suas imperfeições e lidar com elas. O crescimento vem daí.

Após contar toda a história antes da publicação, não poderíamos falar de possibilidades, mas, se justifica as imperfeições do livro recém-publicado, eu diria:
SE eu não tivesse, diariamente, que escolher entre trabalhar, estudar ou dormir, talvez eu tivesse mais tempo pra escrever e revisar meu texto. SE editoras que possuem revisores ortográficos tivessem me dado uma primeira oportunidade, isso não teria acontecido.

Mas eu cheguei lá, eu publiquei. Agora minhas palavras podem alcançar além dos limites da minha cidade pequena, do meu estado e, até mesmo, do meu país. Da minha insignificância. Agora eu posso me tornar alguém.

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