sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Ah, a autopublicação!

Para não dizer que eu não tentei a autopublicação, vamos lá...

Certo dia eu tive uma ideia genial: se eu, simplesmente, autopublicar, vou poder vender para pessoas próximas, mas como vou colocar os livros em alguma livraria? A NÃO SER QUE...

Sim, parecia A IDEIA.

Eu abri um Micro Empreendedor Individual (ou MEI), uma dessas formas de legalização de atividades que o Governo apresentou com uma mão na roda para peixes pequenos. Com seu MEI, você tira seu CNPJ e legaliza a atividade que queira desempenhar e esteja na lista de atividades disponíveis para MEI; e ainda fica isento da maioria dos impostos. Bagatela.

Eu pensei: legalizando a atividade de "edição de livros", vou abrir minha própria editora. Vou revisar meu próprio livro, diagramar, tirar meu ISBN, contratar uma gráfica e, com meu CNPJ, posso negociar com as livrarias. Perfeito. Genial.

Maaaas, outra das barreiras que você encontra numa cidade pequena é a oferta de serviços. Mandei e-mail para algumas gráficas, pedindo um orçamento, não obtive resposta de algumas. Liguei para outra, a maior da cidade, e não poderia ter sido mais desagradável.

- Então eu preciso que você imprima uns 500 livros.
- Mas 500 livros é muita coisa. Pensa bem, quantas pessoas em Friburgo vão ler o livro?
- Mas eu pretendo abrir minha própria editora e oferecer para pessoas de outras cidades. E vender na internet.
- Tudo bem, a senhora que sabe. Quantas páginas tem o livro?
- Em torno de 170.
- Vai ficar caro. 170 páginas é uma quantidade significativa. Se eu fosse a senhora, pra não ficar tão caro, faria 300.

Sabe aquele momento em que você não acredita no que está acontecendo e não pode nem raciocinar e não sabe o que dizer? Quando eu desliguei o telefone, apenas, que eu fui refletir sobre aquilo. Já que não houve como dizer no momento, aqui vai minha resposta para o homem da gráfica:

Meu caro, você não conhece e não leu o meu livro; então, como acha que tem o direito de estabelecer o que me é possível? Como acha que tem o direito de dizer o quanto eu posso pagar ou que dificuldades eu vou ter em vender meus livros? Eu liguei para contratar um serviço e não sua opinião. E você foi péssimo em ambos. Eu te peço pra fazer 500 livros e você me oferece 300? Além de insolente, é um péssimo comerciante; por isso não sai da mediocridade de ser "a maior gráfica de Friburgo". Grande m$#%@!

Obrigada. Estou aliviada.

Procurei por outra gráfica, recebi meu orçamento e pretendia pegar um empréstimo para pagar pela publicação. Valeria a pena. No entanto, outra pegadinha do Governo se mostrou o tal MEI.

Eu perguntei à minha consultora:
- Então eu posso vender os livros na internet, né?
- Bem, com o MEI você só pode emitir nota fiscal dentro do seu estado, portanto, só vai poder vender dentro do Rio.

Acabou. Você tenta legalizar uma coisa e recebe um ticket limitado para negociar apenas no seu próprio estado? É por isso que um monte de gente vive na ilegalidade. Você tem, disponível, uma rede de possibilidades, que é a internet, sem fronteiras, e vem o seu governo e te impõe limites dentro do seu próprio estado. Brincadeira.

Resumindo, o dinheiro que eu gastaria com a autopublicação, para vender apenas no meu estado, eu poderia pagar à única editora que me fez uma proposta: a minha editora, de Portugal. No próximo post, conto a história de como consegui a editora e como consegui, finalmente, publicar.

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